Não furtarás | Não Roubarás | Oitavo Mandamento | Estudo Bíblico

O oitavo mandamento da Lei de Deus é universalmente conhecido. “Não furtarás”, ou “não roubarás”, protege cada indivíduo de, basicamente perecer na miséria, por causa da cobiça desenfreada e da falta de amor ao próximo.

Respeitar a propriedade, e os bens pessoais de uma pessoa, é um conceito básico para a existência de uma sociedade organizada e próspera. Sem o respeito mútuo, uma nação pode enveredar por um caminho de caos, onde todos acabam perdendo.

É por isso que logo no princípio da formação do povo de Israel, o Eterno deu aos Hebreus os dez mandamentos, claro que de uma forma genérica, inicialmente, mas que por meio da revelação progressiva, foram sendo mais detalhados, ficando mais específicos com o decorrer dos outros livros.

Este fenômeno que parte de um mandamento mais genérico, para uma revelação mais específica também ocorreu com o tema do nosso estudo bíblico, o texto de Êxodo, “não furtarás”.

Não furtarás.
Êxodo 20:15

Não furtarás

O oitavo mandamento, no original em Hebraico, é o verbo לִגְנוֹב “lignôv“, conjugado na segunda pessoa do plural, na construção futura (binyan yqtol), onde a maior parte dos mandamentos foram construídos, para que a linguagem fosse de aconselhamento em uma forma cordial.

O texto em Hebraico diz:

לֹא תִּגְנֹב Não furtarás / Não roubarás. Êxodo 20:15

E o verbo לִגְנוֹב “lignôv“, pode ser usado para referir a diversos tipos de furtos/roubos. Geralmente associamos este verbo com roubos de carros, furtos de celulares, “empréstimos não devolvidos” de canetas, ou todo tipo de assaltos à mão armada, ou não.

Porém há muitos significados implícitos no oitavo mandamento, sobre os quais iremos abordar alguns.

Não roubarás o teu empregado

Talvez muita gente nem leve em consideração este sentido do oitavo mandamento da Lei de Deus. Há muitos patrões e empresários que furtam/roubam os seus funcionários. Pagam salários baixos demais, tentando obter lucro com a situação do alto nível de desemprego.

Muitos empregados não tem escolha, e se submetem a rendimentos baixos, muitas vezes em condições de trabalho insalubres, que irão levar a doenças ocupacionais no futuro próximo.

Isto constitui-se em roubo, furto da saúde, do tempo de vida, da capacidade de compra que impede que o trabalhador tenha uma vida digna, ele e sua família.

O Cristão, que é empresário / investidor, precisa seguir os padrões da justiça do Eterno, e pagar o valor justo pela mão de obra. Mesmo que o trabalhador se ofereça a trabalhar por menos, pois essa oferta só reflete o seu desespero por trabalho e renda.

Da mesma forma, quando um irmão for contratar um outro irmão para prestar um serviço, como por exemplo uma pequena obra em sua casa, não tente baixar demais o valor. Pague o que é justo! Não tente roubar o suor e o cansaço do teu irmão.

Não aceite que ele trabalhe por valores irrisórios, para você! Ame-o como a ti mesmo.

Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do diarista não ficará contigo até pela manhã.
Levítico 19:13

Não roubarás vendendo produtos com defeito

Algo que acontece em grande escala nos dias atuais. Os juizados especiais estão superlotados com ações que cobram muitas empresas por terem enviado produtos com defeitos, ou produtos com baixíssima qualidade, que apresentam defeitos em pouco tempo.

Também há aqueles que prestam serviços, de instalação, construção, montagem e etc, que não durarão muito tempo, pois fazem em não conformidade com as normas técnicas, ou de segurança.

Quantas vítimas de acidentes, queimaduras, incêndios causados por instalações que foram feitas fora dos padrões estabelecidos. Carros que batem por causa de peças “engatilhadas”.

Veja o problema que há em “certas” oficinas, onde mecânicos cobram por peças de carros que nada tem a ver com o defeito que apresentam, na ânsia de lucrarem mais. E enganam, mentem e roubam o consumidor!

Se você presta serviço, não faça como estes exemplos acima. Não cobre por peças que você não usará! Não preste serviço que você sabe que não irá durar o tempo mínimo correto. Não furte o seu irmão.

Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo;
Levítico 19:11

Não furtarás no preço de tuas vendas

Algo também que muito se encontra no comércio. Mesmo no Templo em Jerusalém, na época de Jesus, os comerciantes roubavam nas suas medidas falsas.

Nos postos de gasolina, nunca se sabe sobre a real qualidade dos combustíveis, pois há quadrilhas que com a conivência dos donos de postos, acrescentam produtos químicos para “fazer render” a gasolina.

Outro exemplo seria os “frangos congelados”, que enquanto congelados tem um peso, mas quando vão ser preparados, “desidratam” rápido, pois grande parte de seu peso era devido a água injetada para parecerem maiores e mais pesados após o congelamento.

Porém o Eterno nos adverte a seguir a justiça, e não fraudarmos as nossas medidas e balanças.

Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida.
Levítico 19:35

Não roubarás em nome de Deus

É perceptível o aumento do número de denominações que tem apelado à teologia da prosperidade, como meio de enriquecimento de seus líderes. A mercantilização da fé, que foi notória entre os pais da Igreja Romana, está de volta e com força total.

Fazem todo tipo de promessa aos seus fiéis, desde que estes depositem em suas mãos quantias valiosas. Ensinam que Deus responde com bençãos materialistas, ao “dar” o vil metal. Esquecem do exemplo do Profeta Eliseu, que não aceitou o pagamento pela cura de Naamã.

Eis que agora sei que em toda a terra não há Deus senão em Israel; agora, pois, peço-te que aceites uma bênção do teu servo.

Porém ele disse: Vive o Senhor, em cuja presença estou, que não a aceitarei. E instou com ele para que a aceitasse, mas ele recusou.
2 Reis 5:15,16

Estes pregadores da teologia da prosperidade roubam os seus fiéis, com falsas promessas, e praticam este furto usando o nome santo do Senhor. Mas isto já estava previsto, conforme nos alertou o Apóstolo Pedro:

E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.
2 Pedro 2:3

Não roubarás atenção

Com tantas distrações disponíveis atualmente, esse é um mal crescente no mundo desenvolvido. Há casais em que um dos cônjuges, ou mesmo ambos, passam muito tempo nas redes sociais, ou assistindo vídeos, filmes, novelas, ou no uso do celular.

Acabam por negligenciar a atenção devida de um ao outro, diminuindo o tão necessário diálogo para se manter uma vida a dois. Igualmente este mesmo fenômeno acontece com os pais em relação aos filhos e vice-versa.

Não podemos roubar a atenção que é devida às pessoas que amamos, pois esse furto de tempo irá corroer a relação e os pais serão como estranhos para seus filhos. Normalmente, eles procuração atenção e carinho em outro luar/pessoa.

Cuidado para não perder a sua família.

Não furtarás a individualidade

Em tempos de tanta divisão na sociedade, como vemos durante as eleições, há diversas tentativa de furto da personalidade e da individualidade das pessoas.

O Eterno concedeu ao ser humano uma das maiores dádivas do universo, que é a capacidade de concordar e discordar. Nem mesmo Jesus tentou roubar a consciência de seus discípulos. Ele os ensinou, mas teve a devida paciência de esperar que eles aprendessem com suas próprias experiências.

Não adianta tentar impor opiniões às pessoas. Você poderá estar tentando roubar a consciência delas. Cada um tem o seu jeito próprio de “ler” a vida. Precisamos aprender a respeitar isso, e não entrar em embates e discussões que geralmente levam à mágoa e desunião.

Há coisas que somente o Eterno por convencer o homem! Não tente roubar a opinião do seu próximo. Exponha com respeito o seu ponto de vista, mas saiba ouvir, de volta, uma opinião que não concorda com a sua.

Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.

Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
Mateus 7:12,13